professora preocupada na sala de aula
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Comecei a lecionar em 2016, numa época em que ainda era difícil encontrar conteúdos realmente práticos sobre o dia a dia do professor iniciante. 

A maioria dos blogs da área falava sobre planejamento de aula, avaliação, metodologias — e claro, tudo isso é fundamental. 

Dominar conteúdo, ter plano B na mochila e preparar suas aulas com antecedência sempre foi o mínimo. 

Mas o que ninguém explicava direito era como se comportar dentro da escola: o que vestir, o que evitar em reuniões, como lidar com colegas tóxicos, como preservar sua imagem diante da coordenação e, principalmente, como não se "queimar" nos primeiros meses.

Com o tempo, percebi que boa parte dos erros cometidos por professores no início da carreira não tem relação com a parte pedagógica, mas sim com postura profissional, comunicação e leitura de contexto. 

É sobre isso que este texto trata. Reuni aqui orientações que não costumam estar nos livros nem nas formações acadêmicas — mas que fazem toda a diferença para quem está começando.

Se você está entrando agora na sala de aula, este guia pode te poupar de desgastes desnecessários. E se já está na estrada há algum tempo, talvez ele te ajude a revisar posturas que fazem diferença no ambiente escolar.

Como Se Apresentar E Se Posicionar No Início Do Trabalho

Se você está começando agora em uma escola, o seu modo de se apresentar e se posicionar nos primeiros dias pode impactar profundamente como você será visto pela equipe. 

Não é exagero dizer que o início define muita coisa. Aquele clichê: 'A primeira impressão é a que fica.' A sua postura — e não apenas o que você diz — comunica profissionalismo ou despreparo.

Evite chegar explicando demais ou se justificando o tempo todo por estar começando. Frases como “sou novo, não sei ainda” ou “nunca trabalhei com essa faixa etária” podem parecer humildes, mas soam como insegurança, e isso pode ser lido como despreparo. 

O ideal é falar pouco, de forma clara, se apresentar com tranquilidade e demonstrar disposição para aprender e cumprir sua função.

Outro ponto importante é o cuidado com a aparência. Não se trata de seguir um padrão estético, mas de respeitar o ambiente escolar como um espaço institucional. 

Roupas discretas, que comuniquem seriedade e conforto, ajudam a reforçar sua autoridade na sala de aula sem criar ruídos na relação com alunos e colegas.

Nas primeiras semanas, observe mais do que fale. Perceba como funciona a cultura da escola: os horários, a linguagem, o comportamento dos professores nas reuniões, o estilo da coordenação. 

Evite entrar em grupos que reclamam o tempo todo ou que falam da gestão pelas costas. Isso pode parecer inofensivo no início, mas tende a comprometer sua imagem profissional.

A sua postura com a coordenação pedagógica também precisa ser cuidadosa. Mantenha respeito, mesmo que existam discordâncias. 

Nunca passe por cima da hierarquia para tentar resolver algo diretamente com a direção sem comunicar, antes, quem está acima de você na estrutura organizacional. 

Essa conduta, muitas vezes negligenciada, pode comprometer não apenas o bom andamento dos processos institucionais, mas também a confiança construída entre os membros da equipe.

Nos ambientes escolares e acadêmicos, diversos setores se articulam continuamente — coordenação, orientação, direção, secretaria, professores, entre outros. Cada instância tem sua função e seu lugar dentro da estrutura.

Por isso, respeitar os canais formais de comunicação evita desgastes, ruídos e mal-entendidos institucionais que, muitas vezes, poderiam ser evitados com mais cautela e ética nas relações.

Um autor que me ajuda a refletir constantemente sobre essas questões é Idalberto Chiavenato, referência nacional na área de administração e gestão de pessoas.

Em sua obra Gestão de Pessoas: O novo papel dos recursos humanos nas organizações (2014), ele destaca que a imagem profissional não depende apenas do conhecimento técnico ou do desempenho individual.

Segundo o autor, ela também se constrói pela forma como o profissional se comunica com equilíbrio, age com responsabilidade e estabelece relações pautadas pela ética.

Chiavenato defende que, no ambiente organizacional, "o comportamento humano é, ao mesmo tempo, causa e consequência do ambiente onde está inserido". 

Ou seja, nossas atitudes têm impacto direto na cultura institucional e nos vínculos profissionais que construímos. 

Por isso, agir com respeito aos fluxos hierárquicos não é sinônimo de submissão, mas de compreensão do funcionamento coletivo da instituição.

Aprendi, com o tempo — e também com os erros —, que saber o momento certo de falar faz diferença nas relações profissionais.

Escolher o canal adequado e a forma mais respeitosa de abordar um problema são competências tão importantes quanto planejar uma boa aula ou dominar o conteúdo.

Eu mesma, em uma das minhas primeiras escolas, aprendi na prática que falar menos no início, escutar com atenção e manter uma postura discreta me protegeu de entrar em conflitos desnecessários e me deu tempo para entender o ambiente antes de propor qualquer mudança.

Se você está começando, pense nisso: mais importante do que “mostrar serviço” no primeiro dia é demonstrar respeito pelo espaço que está entrando. 

Relações Profissionais Dentro Da Escola

As relações profissionais dentro de uma escola exigem tanto preparo quanto o conteúdo que ensinamos. 

Não adianta dominar a disciplina se você não souber se posicionar profissionalmente. E isso começa pelo modo como você se relaciona com a equipe gestora e com os colegas.

A coordenação pedagógica é seu principal ponto de apoio — e também de cobrança. Não adianta tentar fugir disso. Por isso, mantenha sempre uma postura respeitosa, mesmo quando houver divergências. 

A coordenação está ali para orientar, acompanhar e garantir que o trabalho pedagógico da escola siga uma linha comum. Ou seja, ela não está contra você, mas também não vai concordar com tudo o que você fizer. Saber lidar com isso com maturidade é parte da função docente.

Outro ponto essencial: nunca critique a coordenadora para outros membros da gestão. É mais comum do que parece ver professores comentando insatisfações com a direção sem ter passado pela instância anterior. 

Isso gera desgaste, quebra de confiança e transmite a imagem de alguém que não sabe respeitar hierarquias. Se houver algo que precise ser discutido, converse diretamente com quem te acompanha — com clareza, firmeza e respeito.

Aliás, seguir a hierarquia institucional protege você. Ao comunicar uma situação delicada, sempre passe pela coordenação antes de levar a questão à supervisão ou à diretoria. Evite tentar “resolver por cima” porque isso, além de ser antiético, fecha portas.

Também recomendo atenção aos grupos informais que se formam nos bastidores da escola. Toda equipe tem seus espaços de troca, mas nem todos são produtivos. 

Evite participar de rodas de conversa em que o tom predominante é de reclamação constante, fofoca ou desrespeito. Mesmo que você não fale nada, só estar ali pode comprometer a percepção que outros terão de você.

Com o tempo, você vai aprender a reconhecer colegas que gostam de provocar conflitos, expor os outros, competir de maneira desleal ou minar o trabalho alheio. 

Quando perceber esse tipo de comportamento, afaste-se com discrição. Não confronte, não critique — apenas mantenha distância e foque no seu trabalho.

No ambiente escolar, respeito e postura falam mais do que qualquer discurso. Relações profissionais saudáveis não se constroem com afinidade, mas com ética, cuidado e discernimento. 

Leia também: A coordenadora Pode Assistir Minha Aula 

Participação Em Projetos Escolares E Reuniões

Projetos escolares fazem parte da rotina de um professor e são, muitas vezes, uma oportunidade de mostrar comprometimento com a escola além da sala de aula. 

Mas é importante entender que participar não significa querer assumir tudo, nem ocupar um lugar de protagonismo forçado. A colaboração precisa vir no tempo certo, com equilíbrio e respeito ao coletivo.

Sempre oriento professores iniciantes a entrarem nos projetos com espírito colaborativo. Pergunte onde você pode ajudar, esteja disponível, mas não tente resolver tudo sozinho. 

A escola é um ambiente coletivo e qualquer ação que desconsidere os colegas tende a gerar atrito. Ser proativo é uma qualidade — desde que não venha acompanhada de vaidade.

Já participei de muitos projetos em que professores novos tentaram assumir a frente de tudo, propor mudanças grandes sem conhecer a realidade da escola, ou tomar decisões sem consultar quem já estava envolvido. 

A intenção pode até ser boa, mas o efeito costuma ser o oposto: resistência, desconforto e isolamento. Vá com calma. Colabore sem tentar se destacar acima dos demais.

Em reuniões pedagógicas, mantenha a mesma lógica: discrição e escuta ativa. Nem toda reunião é o melhor momento para falar. 

Contribua apenas quando tiver algo pertinente a dizer, e, se possível, fundamente sua fala em dados, observações ou experiências práticas. Opiniões soltas ou comentários emocionais tendem a esvaziar o debate e minar sua credibilidade.

Você não precisa se impor para ser ouvido. Quando sua postura é consistente e seu trabalho fala por você, a escuta vem naturalmente. 

Projetos e reuniões não são espaço para se autoafirmar — são espaços de construção coletiva. Ter isso claro desde o início evita muitos desgastes e fortalece sua posição como alguém confiável e comprometido.

Planejamento De Aula E Materiais De Apoio

Ter domínio de conteúdo e planejar com antecedência é o mínimo esperado de um professor. Mas, com o tempo, aprendi que isso não basta. 

O planejamento eficaz também depende de repertório, organização e flexibilidade. Quando você prepara bem suas aulas, com alternativas e recursos variados, ganha segurança para lidar com imprevistos e responde melhor às necessidades reais dos alunos.

Sempre oriento colegas a manterem um banco de atividades extras. Pode ser uma pasta física ou digital com exercícios curtos, jogos pedagógicos, mapas, leituras complementares ou dinâmicas de revisão. 

Esses materiais ajudam muito quando você precisa estender o tempo de uma aula, substituir um colega de última hora ou ajustar o ritmo por causa da turma.

Outro cuidado que recomendo é manter em casa uma coleção de livros didáticos voltados para professores, de diferentes editoras e níveis de ensino. 

Isso te dá acesso a abordagens atualizadas, sugestões de atividades e referências que ampliam o seu repertório. Mesmo que a escola adote um material específico, ter acesso a outros amplia sua capacidade de adaptação.

Para quem trabalha com turmas inclusivas — o que, hoje, é uma realidade em quase todas as escolas — vale a pena buscar materiais já adaptados para alunos com deficiência ou necessidades específicas

Existem ótimos acervos gratuitos, inclusive de instituições públicas e universidades, com propostas acessíveis para diferentes faixas etárias. 

Ter essas alternativas prontas ajuda a garantir que todos os alunos participem de forma significativa da aula.

Além disso, sempre que possível, invista em materiais paradidáticos, lúdicos ou concretos. Quebra-cabeças geográficos, jogos de memória com temas da disciplina, maquetes, figuras recortadas, materiais de relevo, entre outros, tornam a aula mais dinâmica, principalmente nos anos finais do fundamental. 

E esses materiais não precisam ser caros — muitas vezes, com criatividade e impressão caseira, você consegue montar um acervo rico e funcional.

Planejar bem é, também, uma forma de respeitar seus alunos e seu próprio trabalho. Quando você tem opções, repertório e organização, lida melhor com imprevistos e consegue manter a aula viva, mesmo quando algo não sai como o planejado. 

Gestão De Sala De Aula

professora na sala de aula em frente a lousa com alunos
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Um dos pontos mais desafiadores para quem está começando é entender que dar aula vai muito além de apresentar conteúdo. 

Gerenciar a sala de aula é garantir que o ambiente esteja minimamente organizado para que o ensino aconteça. E isso não se impõe com gritos ou rigidez excessiva, mas com constância, clareza e equilíbrio nas decisões.

A primeira coisa que costumo dizer é: não tenha aluno preferido. Você pode até ter mais facilidade com alguns do que com outros, isso é natural. 

Mas nunca demonstre isso. Tratar os alunos com justiça, escuta e imparcialidade é parte da nossa função. Todos merecem o mesmo respeito — independentemente do comportamento, do rendimento ou da forma como chegam até você.

Outro cuidado importante é evitar o famoso “aula-livre”. Mesmo que haja imprevistos ou você precise improvisar, não entregue a aula ao improviso total. 

Isso prejudica a sua imagem com os gestores e, principalmente, com os próprios alunos. Eles percebem quando você está preparado e quando não está. E isso influencia diretamente no respeito que terão por você.

Sempre estabeleça combinados claros com a turma, de preferência logo nas primeiras aulas. Regras simples, escritas de forma objetiva e acordadas com os alunos ajudam a construir um ambiente mais previsível e seguro. 

E mais do que criar regras, é essencial aplicá-las com coerência. Recuar diante da primeira resistência pode comprometer toda sua autoridade.

Em relação ao comportamento, mantenha o bom senso. Por exemplo: nunca proíba um aluno de ir ao banheiro

Se houver abuso por parte de alguns, converse individualmente, negocie horários, registre. Mas impedir totalmente o acesso ao banheiro pode gerar constrangimentos, problemas com a família e até com a gestão.

Outro detalhe que parece pequeno, mas é essencial: corrija todas as lições de casa que você propõe

Quando o aluno percebe que você não confere ou não devolve as atividades, ele entende que aquilo não era importante. E isso enfraquece o sentido do que foi pedido. 

Corrigir não é só avaliar, é valorizar o esforço do aluno e mostrar que o processo de aprendizagem importa.

Gerenciar a sala de aula exige firmeza e escuta ao mesmo tempo. Não se trata de controlar tudo, mas de criar um ambiente onde os alunos saibam o que esperar de você — e o que você espera deles. 

Constância, clareza e respeito são os três pilares que me orientam desde o início. E, com o tempo, você percebe que isso funciona melhor do que qualquer fórmula pronta.

Formação Continuada E Atualização Profissional

Formação inicial não dá conta de tudo. Por mais sólida que tenha sido a graduação, ela representa apenas o ponto de partida.

A prática docente exige preparo constante, atualização técnica e abertura para aprender de forma permanente. 

Isso não é apenas uma recomendação: é uma exigência prevista em leis e diretrizes nacionais. 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei nº 9.394/1996), em seu artigo 61, define a formação continuada como parte integrante da profissionalização docente. 

Já o Plano Nacional de Educação (PNE – Lei nº 13.005/2014) reforça essa diretriz, ao estabelecer metas específicas de valorização e aperfeiçoamento dos profissionais da educação.

Com base nisso, recomendo que você estruture sua própria trajetória de formação continuada, focada nas demandas reais do cotidiano escolar.

Cursos sobre tecnologias educacionais e metodologias ativas são bons pontos de partida. A sala de aula atual exige mais do que exposição oral e quadro. 

Os alunos estão conectados, imersos em múltiplas linguagens, e o professor precisa dialogar com esse contexto de forma crítica e criativa.

Conhecer ferramentas digitais simples, como editores de vídeo, plataformas de avaliação ou apresentações interativas, já faz diferença na prática. 

E o melhor: há diversas opções gratuitas e com certificação, oferecidas por universidades públicas, institutos federais e plataformas de formação reconhecidas nacionalmente.

Outro campo essencial é a educação especial e a inclusão escolar. Você terá alunos com deficiências, transtornos do neurodesenvolvimento, dificuldades de aprendizagem e necessidades específicas. 

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e o Decreto nº 7.611/2011 orientam que o professor esteja preparado para adaptar conteúdos e estratégias sem comprometer a qualidade da aprendizagem.

Não espere que esse preparo venha exclusivamente da escola. Busque cursos, leia legislações, estude os princípios da educação inclusiva e desenvolva a capacidade de criar percursos pedagógicos acessíveis a todos os alunos.

Além disso, a diversidade cultural precisa estar contemplada na sua formação. O aumento da migração nos últimos anos tornou mais comum a presença de estudantes estrangeiros nas escolas brasileiras. 

São alunos com outras línguas, religiões, costumes e experiências de vida. Ter sensibilidade para acolher essas diferenças e adaptar suas estratégias é fundamental para uma educação verdadeiramente inclusiva.

Às vezes, gestos simples — como ajustar o vocabulário, utilizar recursos visuais ou valorizar a cultura do aluno — têm um impacto direto no vínculo e na aprendizagem.

Por fim, crie uma rotina de atualização contínua. Pode ser uma leitura semanal, uma aula gravada por semana, um grupo de estudos com colegas. 

O importante é não depender apenas das formações promovidas pela gestão escolar. Sua formação é uma responsabilidade sua — e isso não deve ser visto como um peso, mas como uma oportunidade de crescimento alinhada aos seus próprios objetivos profissionais.

Estudar continuamente é o que transforma o professor iniciante em referência. Não pela antiguidade, mas pela escuta qualificada, pela sensibilidade ao contexto e pela capacidade de inovar sem perder a essência da prática pedagógica.

O Que Jamais Um Professor Deve Fazer

Desrespeitar alunos com gritos, ironias ou humilhações públicas

Perder a paciência uma vez ou outra é humano, mas usar da sua posição para constranger um aluno, mesmo em nome da “disciplina”, é injustificável. A autoridade não se constrói com medo.

Falar mal de colegas, gestão ou alunos nos corredores

O ambiente escolar é coletivo e tudo se espalha muito rápido. Fofoca, insinuações e desabafos feitos nos bastidores podem retornar de forma distorcida e prejudicar sua imagem.

Usar redes sociais para expor situações da escola

Publicar indiretas, fotos de alunos sem autorização, ou relatos de situações internas fere o sigilo profissional e pode gerar sanções. A escola não é um palco e o professor não é influencer de bastidor.

Ignorar as orientações pedagógicas da coordenação

A autonomia docente existe, mas dentro de um projeto coletivo. Recusar-se a seguir decisões da equipe pedagógica pode ser lido como insubordinação ou despreparo para o trabalho em equipe.

Fazer distinção entre alunos ou tratar com parcialidade

Ter preferidos, usar apelidos, tolerar comportamentos em uns e punir nos outros destrói sua credibilidade. Justiça, nesse caso, é mais importante que simpatia.

Improvisar aulas sem planejamento constante

Aula improvisada com frequência, sem intenção pedagógica, não é criatividade — é negligência. Pode parecer que "ninguém está vendo", mas os alunos percebem, e a gestão também.

Aplicar punições coletivas por atitudes individuais

Penalizar uma turma inteira pelo erro de um ou dois alunos é injusto e pedagógicamente ineficaz. O aluno inocente aprende que seus esforços não são reconhecidos, e o culpado aprende que basta se esconder na maioria.

Rir ou debochar de erros dos alunos

O erro deve ser acolhido como parte do processo de aprendizagem. O professor que ironiza uma dúvida ou corrige com sarcasmo mina a confiança dos alunos e os silencia.

Estimular competição negativa entre os alunos

Comparar notas, expor boletins, criar “quadros de melhores” pode motivar alguns, mas exclui e humilha outros. Avaliar é diferente de classificar.

Conduta Em Reuniões Com Pais Ou Responsáveis

Participar de reuniões com pais ou responsáveis exige preparo e responsabilidade. Essa é uma das situações em que a imagem do professor pode ser fortalecida ou comprometida em poucos minutos. 

Por isso, sempre oriento quem está começando a tratar essas ocasiões com seriedade, sem informalidade excessiva ou improvisos.

Ao falar sobre um aluno, mantenha o foco estritamente pedagógico. Descreva o que observa em sala: desempenho, participação, entregas, dificuldades, avanços. 

Use registros concretos, seja claro nos apontamentos e evite comentários vagos. Expressões como “ele é preguiçoso” ou “ela não quer nada” não têm valor técnico e soam como julgamento pessoal.

Mesmo quando houver comportamentos desafiadores, não exponha situações delicadas sem necessidade

Detalhes que envolvem vida familiar, conflitos com colegas ou questões emocionais devem ser tratados com muito cuidado. Lembre-se de que a reunião é para construir pontes, não para criar tensão ou embaraço.

A linguagem precisa ser acessível, mas sem simplificações excessivas. Evite termos técnicos que o responsável talvez não compreenda e, ao mesmo tempo, mantenha uma postura firme, objetiva e respeitosa. 

O ideal é que a família saia da reunião compreendendo claramente o que precisa ser feito, sem sentir que foi acusada ou humilhada.

Um erro comum que precisa ser evitado a todo custo é usar a reunião como espaço de desabafo

Reclamar da escola, da gestão ou de outros professores enfraquece sua imagem e tira o foco do aluno, que deveria ser o centro da conversa. Mesmo que você esteja insatisfeito com algo, aquele não é o momento — nem o lugar — para isso.

Com o tempo, você vai perceber que a maneira como conduz essas conversas influencia diretamente na confiança que os responsáveis terão em você. 

Ser professor também é saber se comunicar com as famílias com ética, clareza e respeito. E essa é uma competência que se constrói com prática, escuta e cuidado constante.

Ao começar como professor iniciante, muitos erros podem ser evitados com observação, preparo e postura ética. Mais do que dominar conteúdo, ser professor exige saber se posicionar com responsabilidade diante dos alunos, da equipe e das famílias.

Espero que este guia tenha te ajudado a refletir sobre pontos que nem sempre são discutidos nas formações tradicionais, mas que fazem toda a diferença no dia a dia da escola.

Se você já passou por experiências parecidas ou tem outras estratégias para professores iniciantes, deixe seu comentário abaixo. 

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